O poeta é, na minha mente, tão somente um intermediário entre a
poesia e o povo, entre o abstrato e o real, entre o velho e o novo...
A poesia não é uma propriedade e, não o sendo, vagueia livre por
entre pessoas, locais e objetos, divertindo-se num esconde-esconde
sem fim. Alguém diz que ela está lá. Você vai ver, já não está mais.
Outro diz que ela se foi. E eis que ela se apresenta por inteiro, com
todo o seu explendor.
às vezes deixa-se aprisionar por instantes na cabeça desses
irredutíveis sonhadores que, sabedores dessa volatilidade, tratam
logo de colher as suas digitais munindo-se das únicas armas capazes
desse feito: Caneta e papel.
Pensar poder detê-la na memória é ledo engano. Você vai procurá-la
e ela já se foi. Deixa um rastro aqui, outro ali.. puro fragmentos.
Sua essência é irrecuperável.
Não se pode questionar a poesia. Você deve acolhê-la de onde,
como, e com que ela vier. Alegria, tristeza, amor, ódio,obediência
revolta, traição, fidelidade, amizade, o feio, o bonito, o agora, o
infinito...
Se a poesia te conduz, deixe-se conduzir, ou não conseguirá
absorver a sua luz.
silasol
Publicado no Recanto das Letras
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